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O curso de português e a transformação na vida de Pierre Sanon

Palavras simples para qualquer brasileiro tiveram de ser aprendidas com paciência por imigrantes
Por: Janquieli Ceruti
02/09/2016 15:01 - Atualizado em 30/09/2016 16:10
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Aos poucos, Pierre aprende uma nova língua, uma nova vida (Foto: Janquieli Ceruti/LÊ)
Aos poucos, Pierre aprende uma nova língua, uma nova vida (Foto: Janquieli Ceruti/LÊ)

Comprar alimentos, remédios ou pedir uma informação na rua se tornou mais fácil para 13 imigrantes haitianos, que formaram-se no Curso Básico de Língua Portuguesa, idealizado pelo grupo de Leigos Franciscanos de Santa Maria Bernarda. As aulas, que aconteceram em sala anexa ao Salão Paroquial da Igreja Matriz de Xaxim, iniciaram em maio e tiveram duração de dois meses. Duas turmas de 10 alunos cada começaram as aulas, mas devido ao frio e à chuva alguns alunos desistiram antes do término do curso. Mesmo assim, em todas as aulas os animados estudantes aprenderam noções básicas e fundamentais para o cotidiano em terra xaxinense.

Para transmitir as lições, as professoras Dulce Picini, Elizabeth Chitolina e Julcimara Sabini voluntariaram-se e tiveram o trabalho coordenado pela integrante dos Leigos Franciscanos, Arlete Conte. “Quando li o anúncio de que precisavam de professora voluntária de português para imigrantes no município de Xaxim, me senti comovida a realizar este trabalho”, destaca a professora Julcimara. Ela, que é formada em Letras – Português e Espanhol e pós-graduada em Metodologia de Língua Portuguesa e Língua Espanhola, acredita que “a iniciativa foi excelente, pois assim contribuímos para que os imigrantes tenham uma qualidade de vida melhor em nosso município. Comunicação é tudo e por muitas vezes nos relataram que coisas simples se tornavam muito complexas para eles explicarem pela falta de domínio do idioma”.

Pierre Eudson Sanon, de 30 anos, mudou-se do Haiti para Xaxim em dezembro de 2014. De lá para cá ele aprendeu algumas palavras e expressões, que garantiram-lhe a possibilidade de sobrevivência numa cultura diferente, da língua aos costumes. Pierre é conhecido entre as professoras pela dedicação que mostrou nas aulas, mas o rapaz, que trabalha na empresa Rafitec, não conseguiu concluir o curso, pois o filho Antony adoeceu e ele teve de ficar com o bebê nas horas de folga do trabalho. De qualquer modo, Pierre fez a prova final, faltando assim poucas aulas para o encerramento, e tirou nota máxima na avaliação. “Achei bom. Nós temos que falar e entender bem. Para tudo é preciso se comunicar em português. Eu já sabia um pouco, mas agora sei muito mais. Sempre que preciso pego a apostila”, conta Pierre. Além dele, a esposa Deneze Jules, 30, também foi uma das alunas do curso.

Arlete destaca que o curso é mais uma forma de facilitar o cotidiano de imigrantes que, em busca de melhores condições de vida, passam por grandes provações em suas vidas. Assim como ela, Julcimara comenta que “para o município, a atividade foi de grande valia porque estamos tentando fazer com quê os imigrantes se sintam acolhidos em nossa cidade”.

ATIVIDADES

Na apostila “Português do Brasil para Refugiadas e Refugiados”, os estudantes passaram por 12 lições: Cheguei ao Brasil; Raça e Etnia; Sociedade e Educação; Direitos das Crianças; Igualdade de Gênero; Eu quero trabalhar; Respeitar os diferentes; Saúde e o SUS; Transportes públicos; Liberdade de crença; História do Brasil; e Todos (as) por um (a). Nestas, eles aprenderam do básico – o alfabeto, números, preencher formulários, dias e meses, meios de transporte etc.; até informações mais complexas, a exemplo de verbos, adjetivos, pronomes e advérbios.

Bem ilustrado e com diversos campos para atividades, o livro foi preenchido pelos alunos e, de acordo com a coordenadora Arlete, ainda é utilizado pelos imigrantes como um apoio no dia a dia, já que possui o resumo do mínimo que precisam saber para não enfrentarem tantas dificuldades com o idioma.

MATERIAL DIDÁTICO

Para que o curso pudesse acontecer, o grupo de Leigos Franciscanos utilizou verbas próprias e provenientes do brechó, que existe nas dependências do Mercado Central, para imprimir as apostilas, pois além das cedidas pela Diocese de Chapecó foram necessárias mais, que foram xerocadas e saíram a preço de custo através da parceria com a Livraria Xaxiense. O proprietário do comércio, Ivo Trentin também doou cadernos para que os imigrantes pudessem anotar as lições. Do trabalho das professoras ao chá servido para aquecer as aulas, até o almoço de encerramento, os voluntários uniram-se e fizeram com que a iniciativa frutificasse. Agora, com o término das aulas, os alunos puderam ficar com as apostilas e cadernos, já os dicionários e a metodologia foi cedida a um grupo de São Miguel do Oeste, que também executará a atividade no município, com base no que foi planejado também pela assessora provincial irmã Marilene Perch.


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