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1,2,3, GRAVANDO...EM XAXIM

Do campo às telas do cinema

Por: Janquieli Ceruti
20/10/2016 10:24 - Atualizado em 20/10/2016 11:51
Capa do filme destaca o olhar conflitante de Valdis entre voltar ou não para o campo (Fotos: Reprodução/O Caminho da Roça) Capa do filme destaca o olhar conflitante de Valdis entre voltar ou não para o campo (Fotos: Reprodução/O Caminho da Roça)

As paisagens, os moradores e a rotina diária do interior de Xaxim inspiraram a produção do documentário “O Caminho da Roça: - um último olhar para o interior”. Gravado em Xaxim e em Chapecó, o filme retrata de forma poética uma situação rotineira no campo: a saída dos jovens para morar na cidade e, posteriormente, o retorno para casa frente a imprevistos da vida. Em O Caminho da Roça, o protagonista Valdis deixa a família no campo, mas tempos depois é chamado a voltar para a antiga casa porque o pai havia falecido. Com a família, nos lugares onde passou a infância, Valdis sente-se dividido entre assumir a herança deixada pelo pai, cuidar da propriedade e da mãe ou retornar para a cidade.

O protagonista, Tiago Hall, destaca que inspirou-se nas lembranças da própria infância para dar veracidade às ações de Valdis. Ele que nasceu em Itá e hoje mora em Chapecó, conta que teve expressivo contato com o interior e que carrega no sangue o amor pelo campo. “Foi tudo muito tranquilo. Por ter convivido com agricultores, já possuía noções da linguagem oral e corporal. Além disso, a equipe é muito profissional e soube cuidar de cada detalhe. Adorei o resultado e me emocionei com ele. As famílias nos receberam muito bem e foram fundamentais para a qualidade da produção”, expõe Tiago, que é formado em Filosofia e traz dos palcos de teatro, e alguns filmes feitos por conta própria, a experiência para dar vida à Valdis, o ator principal do documentário.

A diretora do filme, Daniela Farina, que trabalhou em companhia do também diretor João Fernando Lucas, explica que a ideia não era de retratar o cenário de forma literal ou antropológica, mas poética. Por ser inspirado na realidade, mas por ter partes ficcionais – que são o fio condutor da produção, o filme O Caminho da Roça foi indexado como documentário, que apresenta lembranças de moradores do interior de Xaxim e de alguns chapecoenses. Nos recortes, senhores e senhoras contam sobre a partida dos filhos, lembranças da infância e mudanças na comunidade. “Não existe roteiro que saia exatamente como foi previsto, pois dependemos muito do retorno das pessoas. Boa parte do que havíamos pensando funcionou, mas algumas coisas não planejadas aconteceram. Nos adaptamos a elas e muitas contribuíram ainda mais com o resultado final. Tivemos a sorte de encontrar pessoas que nos receberam muito bem. Sem eles não seria possível. Principalmente na linha Nova Brasília, em Xaxim, onde mais de 50 pessoas da comunidade estiveram envolvidas. Eles realizaram, inclusive, uma partida de futebol e uma celebração na igreja”.

INVESTIMENTO

Daniela, que é jornalista especializada em Cinema, explica que a produção é fruto de uma verba pública, recebida através de um edital da Prefeitura de Chapecó, de fomento às linguagens artísticas, entre elas a audiovisual. Como prêmio, a equipe recebeu R$ 15 mil, que foram investidos na produção de O Caminho da Roça. “Pagamos os cachês da equipe, que é formada por profissionais de Xaxim e de Chapecó. Também tivemos despesas com a produção, a exemplo do deslocamento, da locação do ônibus que aparece nas filmagens, no transporte e alimentação da equipe, com o figurino, entre outros gastos. O dinheiro foi utilizado integralmente, pois foi o que solicitamos no edital, e nós prestamos contas de tudo. É uma produção bem barata e muitos dos que participaram até abriram mão do cachê ou receberam valores mais simbólicos”, explica a diretora.

DO PAPEL À VIDA

Da liberação da verba até a finalização, Daniela conta que o filme levou cerca de dois anos para ser produzido pela Três Quadros Filmes – a aprovação do projeto saiu no fim de 2013; as gravações iniciaram em 2014; e a finalização aconteceu neste ano. “O trabalho é bastante voluntário, diante disso o filme foi gravado com maior ênfase nos fins de semana. Todos tinham outras atividades e conseguíamos tempo para produzi-lo nas horas livres”. Conforme a diretora, a finalização do áudio foi uma das etapas mais longas. “Original, toda a trilha sonora foi gravada pelo artista Daniel Téo, que é de Chapecó, mas atualmente mora na Califórnia, e a banda dele, a Grass Fed Youth”.

GRANDE DEDICAÇÃO

O assistente de direção, Felipe Ballin, que mora em Xaxim, é publicitário e especialista em Cinema. Conforme ele que, com o apoio dos diretores, fez a pesquisa dos locais onde o roteiro seria executado, a obra é muito especial para o Oeste catarinense, pois se trata de um filme híbrido, uma junção de ficção com documentário. “Xaxim tem belas paisagens e os cenários não são tão afastados, o que contribui com a produção. Gosto de pedalar pelo interior, o que me fez conhecer diversos lugares. Sem dúvidas, o resultado está imperdível”.

Para Ana Carolina Orlandin, que assim como Carol Horn, dedicou-se à arte e figurino da produção, a vida no campo foi retratada com impecável riqueza de detalhes. Para dar traços de realidade ao protagonista Valdis, a inspiração veio do cotidiano das famílias do campo, que moram em Xaxim. “A direção explicou o que gostaria que fosse feito e eu busquei inspiração em minhas próprias concepções. Uma das roupas usadas pelo Tiago Hall, por exemplo, é do meu pai, o que dá ainda mais o ar de veracidade. Não era uma roupa nova, mas com aspecto de uso no campo. Parte dos figurinos foi reaproveitada; algumas peças pegamos emprestadas; e outras foram compradas. Já os figurantes foram orientados a usar roupas comuns, mas mesmo assim cuidamos para que o cabelo, o calçado, e até mesmo o amassadinho das peças estivesse à caráter”. Ana, que é designer visual e também mora em Xaxim, expos a satisfação em contribuir com a produção audiovisual voltada ao cinema, que foi aprendida em uma disciplina durante a faculdade.

Para que tudo saísse da melhor forma, a equipe foi cuidadosamente escolhida. Além de Daniela, João, Tiago, Felipe, Ana e Carol, Rodrigo Scandolara dirigiu a fotografia do filme; Joelmir Zanette cuidou do som direto, da montagem e da finalização, essa última que também contou com o trabalho de Gustavo Batistello; a produção também ficou por conta, além de Daniela e Felipe, de Sabrina Zimmermann; e a cor foi trabalhada por Sinara Klaus Rossatto.

EXIBIÇÃO

A contribuição de produtores e aposentados xaxinenses, que moram no campo, ampliou ainda mais o valor de O Caminho da Roça. Conforme Daniela, “o principal ganho é aos que fizeram parte das filmagens, que poderão se ver nas telas e ter a história resgatada e preservada para sempre. Os rostos que vemos na TV ou no cinema não são semelhantes a nós, pois não são daqui. O resultado ficou muito melhor por ser dos nossos ‘atores’”.

Para que todos tenham acesso à produção, o pré-lançamento do filme ocorre hoje (20), das 20h às 22h, no Cinema Arcoplex, que fica no Shopping Pátio Chapecó. A entrada é limitada e gratuita, para cerca de 250 lugares, e os ingressos serão distribuídos no local, com cerca de meia hora de antecedência do início da exibição. Conforme a equipe, alguns entrevistados garantiram que irão até o Arcoplex e uma exibição também será feita, nos próximos dias, na linha Nova Brasília.


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