Por Axe Schettini
Em entrevista exclusiva concedida ao LÊ NOTÍCIAS, o deputado estadual Kennedy Nunes (PSD) falou do trabalho que realiza na Assembleia Legislativa e na Assembleia de Deus, onde se dedica pelas pessoas seja como parlamentar ou como filho de missionários. Explicou como funciona seu Gabinete Móvel, que chama a atenção por onde passa em Santa Catarina, aproximando o mandato das pessoas. Se classificou como um diplomata e defende a candidatura de Gelson Merisio ao Governo do Estado. Acompanhe:
LÊ NOTÍCIAS: Como o senhor teve a ideia de criar o gabinete móvel?
Kennedy Nunes: Isso iniciou ainda quando eu era vereador e tinha um ônibus em Joinville, sendo que uma vez por mês eu o parava-o em um bairro da cidade, realizada atendimentos durante o dia todo, fazendo inclusive serviços sociais com apoio de entidades. Na época eu também fazia um programa de rádio e isso me aproximava ainda mais das pessoas. Então me tornei deputado, mas o meu desejo sempre foi esse, que é estar no meio das pessoas, seja como jornalista ou político. Eu sempre tive vontade de fazer o gabinete móvel oficial, e com a Operação Lava-Jato que fez a maioria dos políticos sentirem vergonha, eu fiz ao contrário, vi aí a grande oportunidade para mostrar ainda mais o trabalho que realizo ao lado do meu time.
LÊ: Como as pessoas reagem ao ver o senhor conduzindo o gabinete móvel por SC?
Kennedy: Todos acham fantástico. Com a van faço até churrasquinho, pois a ideia surgiu da Operação Carne Fraca, com objetivo em apoiar a carne catarinense. Eu comprei essa van, montei o escritório, conversei com as pessoas e decidi dar as caras, porque não devo nada. Não sou igual aos homens de Brasília, eu sou diferente, se eu me escondo, a carapuça serve em mim. Quando eu fiz isso, teve muitos colegas meus que disseram que eu era louco, que eu ia apanhar na rua, ser xingado. No entanto, nada disso nunca me aconteceu. Os cidadãos se surpreendem com o fato de ver um político no meio das pessoas. A estrutura que a Assembleia Legislativa dá para o deputado exercer o seu mandato, faz o parlamentar entrar em uma bolha. Tem um motorista que leva em casa, um carro novo a cada 100 mil quilômetros. Se você se embebeda disso, a primeira coisa que o político vai fazer é se distanciar do povo, por um fato natural.
LÊ: O senhor demonstra-se diferenciado, inclusive pedalando pelos bairros de Joinville com o objetivo de ouvir as pessoas...
Kennedy: Em janeiro vai fazer 30 anos que eu milito em política, tem quase uma geração que me acompanha e quando me vê andando de bicicleta, por exemplo, isso para eles não é novidade, pois viram eu fazer isso antes de ser político, como radialista. No início do celular, eu já tinha meu programa de rádio e anunciava meu número, que inclusive continua o mesmo até hoje, dizendo se alguém tivesse algum problema, eu iria até a casa da pessoa tentar resolver. Nunca me esqueço de que em um aniversário da minha mãe, estávamos reunidos comemorando e uma senhora me ligou, porque havia uma briga por causa que a galinha da vizinha tinha invadido o muro dela e queria que eu fosse lá resolver. Eu saí do aniversário da minha mãe e fui lá fazer a reportagem sobre a galinha da vizinha. Mas hoje muito mudou, pois com as redes sociais, por exemplo, possibilita que de Xaxim as pessoas possam me acompanhar lá em Joinville. Mas isso não fez eu perder minha essência.
LÊ: Como iniciou sua carreira na política? A primeira disputa foi a vereador?
Kennedy: Eu fui candidato a vereador em 1988, mas não fui eleito. Em 1992, tentei de novo e fiz 1000 votos, ficando na suplência. Em 1996, eu fiz mais 1000 votos e não me elegi, ficando na suplência por 34 votos. Um político faleceu e eu assumi, sendo reeleito em 2000, o mais votado da oposição contra o Luiz Henrique da Silveira. Em 2004, eu podia ir para mais uma reeleição, mas decidi ser candidato a prefeito, porque, historicamente, os candidatos a prefeito de Joinville que faziam acima de 40 mil votos, dois anos depois eram eleitos deputado em Joinville, então optei por esse caminho. Fui candidato a prefeito, fiz 45000 votos e dois anos depois fui eleito deputado. Minha primeira eleição eu fiz 227 votos e na última eu fiz 134 mil votos.
LÊ: A sua raiz, sua essência, nasceu na Assembleia de Deus. Lá que se criou sua liderança?
Kennedy: Nosso grupo Dedos de Davi, criado por minha família há mais de 40 anos, foi considerado patrimônio em vida pelas Assembleias de Deus no Brasil. A minha harpa, na qual eu aprendi a tocar, está no museu das Assembleias de Deus em Belém (PA), junto com os pertences de Daniel Berg e Gunnar Vingren, que foram os fundadores da igreja no Brasil. O que eu faço hoje como político, eu faço como filho de missionários.
LÊ: O senhor tem discursado em todo o mundo, sempre defendendo Santa Catarina...
Kennedy: Estive no Parlamento de Boston, em Massachuetts, onde John Kennedy fez o discurso se despedindo do Congresso e indo ser presidente dos Estados Unidos. Eu faço parte da União Nacional dos Legisladores (Unale) e da União dos Parlamentares do Mercosul (UPM), por isso sempre estando muito envolvidos. Recentemente estive na China, onde fiz um discurso falando sobre a diplomacia, no encontro do BRICS. No Seminário do Mercosul, em Chapecó, falamos das universidades e da Rota do Milho. Diplomacia é linda, é magnífica... A troca de experiências salva até vidas, por exemplo, nós motoristas brasileiros, quando estamos na estrada e vemos que não tem ninguém e se pode ultrapassar, damos o pisca do lado direito. Se dermos do lado esquerdo, não se pode ultrapassar. Na Argentina é ao contrário, então muita gente morreu nesta cultura que não trocamos.
LÊ: O sonho do senhor seria ter um Mercosul unido e consolidado?
Kennedy: Eu também sou cidadão argentino, com documentação permanente. Eu sou uma pessoa que comecei a passar fronteira aos 3 anos de idade e hoje estou com 48. Representei o Brasil e a UPM no Brasil, falando inclusive sobre as Ilhas Malvinas, que me gera sentimentos de perda, de morte, de derrota para os ingleses. Quando eu era criança, lembro que tínhamos que apagar as luzes porque os aviões iriam sobrevoar os locais. Mas agora, depois do Mercosul, as Malvinas não argentinas, são do Mercosul. Assim como a Floresta Amazônica não é do Brasil. Quando nós tivermos esse entendimento, ai que nós vamos estar chegando próximo ao sistema europeu. Esse negócio está tão enraizado que as pessoas pensam que a Europa é um país. A diplomacia para mim é uma coisa que me atrai, como brasileiro é por futebol. Meu pai dizia que eu só estaria maduro o suficiente quando aprendesse coisas boas no meu adversário e meu maior rival político era o Luiz Henrique da Silveira. Hoje eu me vejo fazendo parte da diplomacia, como fazia LHS, em nome de Santa Catarina.
LÊ: Como foram os trabalhos na Assembleia durante 2017?
Kennedy: Este foi um ano de muito trabalho com grande enfoque em colocar o gabinete na rua e começo a ver resultados. Ouvir as pessoas, saber seus anseios, nos motiva ainda mais a trabalhar. Por exemplo, dia 15 de dezembro vou fazer algo incrível. Há um tempo, fiz uma visita em uma maternidade em Joinville e lá, o diretor me perguntou se eu conseguia um helicóptero ou um avião, porque ele estava com uma parturiente de Araquari, em gravidez de risco, pois não tinha leito na região, somente tem em Chapecó. Na época o sistema dizia que enquanto houver uma vaga, eu não posso pagar tratamento particular. Se tiver em Chapecó, eu tenho que enviá-la para lá e se não houver em lugar nenhum, o Estado paga o particular. Então criei uma lei que limita essa busca de vagas em um raio de 200 km. Então agora, no dia 15, vou visitar uma alagoana que disse que em SC é muito diferente de lá. Ela teve um filho, mas como não havia vaga no hospital, o Estado custeou tudo de forma particular. Isso é arrepiante. É a demonstração de como tem como fazer algo pelas pessoas. Outra lei que criei é de que o cliente escolhe a oficina que seu carro vai ser consertado, e não mais a seguradora como era antigamente. Isso tudo acontece por que não temos uma equipe, trabalhamos como um time, jogamos juntos por Santa Catarina.
LÊ: Eleições 2018... Qual a posição do senhor para o Governo do Estado?
Kennedy: Eu sou Gelson Merisio. Um candidato a governador não pode ter só a vontade de ser, e ter uma boa fala. Uma candidatura passa pela capacidade da compor com outras forças. Isso é o que Merisio tem, grande capacidade de conversar, com articulação e relacionamento. Então estamos trabalhando neste projeto, que é Merisio governador de Santa Catarina.
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