Por Vitória Schettini
A atividade de subir montanhas, através de escaladas e caminhadas, é o nome dado ao esporte chamado montanhismo, que é muito praticado em diversos locais espalhados pelo mundo. A façanha de se escalar uma montanha é para poucos, já que exige muito preparo físico e mental, uma vez que as condições em alta altitude são muito diferentes ao nível do mar. Entre os poucos oestinos que praticam o alpinismo, está o xaxinense Paulo Henrique Teston, que contou ao LÊ NOTÍCIAS um pouco das dificuldades impostas pela natureza para se chegar ao cume de uma montanha.
Paulo Teston, de 29 anos, embarca em mais uma aventura de sua vida, no dia 22 de junho, rumo ao Peru. Juntamente com os amigos Marcelo Hanauer, de 37 anos e Jerri Barbieri, de 38 anos, Teston partirá em busca das montanhas da Cordilheira dos Andes, são elas: Urus, de 5.420m; Ishinca, de 5530m e Tocllaraju, de 6032m, embora menor, é tecnicamente considerada mais difícil que o Aconcágua, de 6.962m, na Argentina, sendo que é a maior montanha fora da Ásia e o ponto mais alto do hemisfério ocidental. Nem sempre é a altitude que define a dificuldade da subida, pois pode haver gretas, paredes maiores e desníveis. “Em 2008, eu fiz um mochilão, tentei escalar uma montanha, na Colômbia, mas não consegui. Isso aconteceu porque eu fui atingido pelo conhecido “Mal da Montanha”, que pode provocar desde enjoos e dores de cabeça até edemas – inchaços no cérebro e no pulmão que levam à morte, então eu tive que voltar. Eu estava junto com um holandês e um amigo de Chapecó. Devido à altitude, eu tive alucinações, falta de oxigênio e uma dor de cabeça muito forte”, relembra.
Conforme Teston, após a experiência na Colômbia, esteve no Parque Nacional de Torres del Paine, no Chile, e foi ao cume da Montanha Pisco, no Peru, local onde há montanhas menores. “Antes da Pisco, que possui 5.752m e foi uma das aventuras mais emocionantes que já vivi, fiz um trekking em Santa Cruz, a 4500m, em sete dias, para aclimatar e se preparar para subir a Montanha Pisco. Naquele percurso, entre o acampamento e o cume, deve haver 1000m e o que eu mais temia eram as avalanches de madrugada, o qual o barulho era ensurdecedor”, explica Teston.
DIFICULDADE
Conforme Teston, apesar de o Monte Everest ser a montanha mais alta do mundo, com 8848m, não é o monte mais perigoso do mundo para se escalar. Esse posto é ocupado pelo K2, que possui 8.611m e fica na Cordilheira do Himalaia, na Ásia, sendo conquistado apenas por um brasileiro, o alpinista Waldemar Niclevicz. Ainda, ele ressalta que o nível de dificuldade para escalada das montanhas funciona através de siglas, começando pela letra F (fácil), PD (pouco difícil), AD (relativamente difícil), D (difícil), TD (muito difícil), ED (extremamente difícil).
“O Monte Everest é classificado como TD. Se eu conseguir as três do Peru nesse ano, tentarei Aconcágua no ano que vem e depois o Everest. É algo sucessivo, tem que começar nas montanhas mais baixas, para depois ir para as mais altas. Quando você chega no topo, é algo gratificante. A emoção é muito grande e o que você sente é muita paz de espírito. É viciante. Você volta rejuvenescido”, destaca o montanhista.
EQUIPAMENTOS DE SEGURANÇA
Ao se escalar uma montanha, é necessário o uso de roupas especiais e equipamentos de segurança, a fim de proteger o esportista e oferecer conforto durante o perigoso e difícil percurso. “Nós usamos capacetes com lanterna na cabeça, cordas que nos amarram a alguém, botas com uma espécie de espinhos, que cravam no gelo, roupas leves, que cortem vento e sejam impermeáveis. Ainda, levamos uma mochila pequena, com água, comida e artigos de primeiros socorros, e utilizamos óculos, clavas e botas, piolet, calças e jaquetas próprias para esse esporte”, conta.
CONDIÇÕES EXTREMAS
Teston salienta que as condições climáticas são muito diferentes das encontradas ao nível do mar. “Você pode pegar facilmente uma nevasca. Além disso, é muito cansativo, é muito frio, tem muita neve e há uma sensação térmica de -20 ºC. Para se ter energia, toda a alimentação é baseada em chá de coca, sopa e café. Mas, no ataque ao cume, comemos carboidratos simples, como bolacha e açúcar, que são alimentos de fácil digestão”, finaliza.
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