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Cifra Econômica | O Brasil em 2026: Projeções e desafios para um cenário econômico complexo

Por: Daniel Ribeiro
06/01/2025 09:57
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Nos últimos anos, a economia brasileira tem enfrentado uma combinação de fatores que misturam oportunidades e desafios estruturais. Ao observar as projeções para 2024 e 2025 — com crescimento do PIB moderado (3,4% em 2024 e 2% em 2025), inflação em alta e juros elevadíssimos —, é essencial refletir sobre o que pode estar reservado para 2026, considerando tanto o cenário interno quanto o contexto global.

Safra recorde e o protagonismo do agronegócio

O agronegócio, mais uma vez, desponta como um dos pilares da economia brasileira. Com uma safra recorde prevista para 2025 e a tendência de manutenção de um dólar elevado (R$6,00), espera-se que o setor continue a desempenhar papel crucial no crescimento econômico. A demanda global por alimentos, somada à competitividade brasileira em produtos como soja, carne e milho, favorece um saldo positivo nas exportações.

Por outro lado, o cenário também impõe desafios. Barreiras comerciais possivelmente ampliadas pelo governo dos Estados Unidos, aliado à pressão por maior conformidade com as pautas ESG (ambiental, social e de governança), podem impactar negativamente as exportações. Além disso, a falta de infraestrutura e logística eficiente no país continua a elevar custos, reduzindo nossa competitividade internacional.

O papel do setor externo

No cenário global, uma possível mudança de liderança nos Estados Unidos pode redirecionar as relações comerciais e diplomáticas, afetando diretamente a economia brasileira. Um aumento nas barreiras tarifárias e regulatórias por parte dos EUA poderia reduzir o espaço para exportações brasileiras, pressionando setores além do agronegócio, como mineração e manufatura.

A China, por outro lado, continuará a ser um parceiro comercial indispensável. No entanto, o fortalecimento das relações sino-brasileiras deve ser acompanhado por estratégias que diversifiquem a pauta exportadora, reduzindo a dependência de commodities e promovendo maior valor agregado nos produtos exportados.

Inflação e juros: o impacto no consumo e nos negócios

Com a inflação projetada para subir de 4,7% em 2024 para 5,3% em 2025, e uma taxa SELIC chegando a 15%, o cenário de 2026 deve continuar desafiador para o mercado interno. Juros elevados impactam diretamente o crédito e o consumo, setores essenciais para a retomada de um crescimento mais robusto. Pequenas e médias empresas, especialmente nos setores de serviços e varejo, tendem a sentir ainda mais os efeitos de um crédito caro e menos acessível.

Para as famílias, a alta nos juros e nos preços reduz o poder de compra e freia o consumo. Isso também afeta o mercado imobiliário e setores dependentes de financiamentos de longo prazo, como o automotivo.

Questões fiscais e a busca por equilíbrio

Outro ponto crítico é a situação fiscal. Com um déficit previsto de -0,8% do PIB em 2024 e -0,9% em 2025, o Brasil caminha para 2026 com desafios sérios para equilibrar as contas públicas. O aumento de gastos públicos, especialmente em áreas sociais e estatais, agrava o cenário, limitando o espaço para investimentos estruturais e aumentando a dependência de recursos externos.

A reforma tributária — tão debatida nos últimos anos — pode oferecer soluções de médio prazo, mas seus impactos positivos dependem da implementação de um sistema mais simples, transparente e menos oneroso para empresas e trabalhadores.

O que esperar de 2026

O ano de 2026 traz a expectativa de uma economia que continuará a se equilibrar entre desafios internos e externos. O agronegócio deve ser novamente o principal vetor de crescimento, mas sua liderança dependerá de estratégias que ultrapassem barreiras logísticas, comerciais e ambientais. O mercado interno seguirá pressionado pela inflação e pelos juros altos, enquanto o cenário fiscal demandará ajustes urgentes para garantir sustentabilidade econômica.


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