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Arte & manhas | O cérebro é um campo de papoulas

Por: Luís Bogo
22/05/2024 09:13 - Atualizado em 22/05/2024 09:16
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A cada dia o ritual de viver se repete. Não importa se o céu está claro ou escuro. A vida segue e seguirá em meio às mortes, às chuvas e às tempestades.

Findam as noites, mas não findam os sonhos: alguns sobrevivem ao raiar do sol: resistem à luz e continuam a nos maravilhar, assombrar e causar espanto mesmo quando a manhã insiste em levantar as pálpebras, cortinas dos olhos.

Talvez seja porque a natureza nos tenha preparado desta maneira para que nossos frágeis corpos pudessem sobreviver à realidade cruel, realidade que insiste em nos brindar com doenças, catástrofes, crimes, guerras e crimes de guerras. Realidade que teima em tentar incutir em nossas almas o sentimento de luto a cada dia, fazendo que nossas perdas se transformem numa lamuriosa oração, numa oração que nos livre de alguma culpa e de todo o mal, amém.

Para nos proteger desta realidade cruel e insana, existem os sonhos, que na verdade são instrumentos pelos quais expressamos de forma inconsciente todos os medos e desejos que silenciamos a partir do momento em que abandonamos os travesseiros.

Porém, é natural que a realidade permaneça em nós a cada instante, não importando se nossos pés ainda estejam no colchão ou tateando o piso do quarto.

A nossa capacidade de sonhar seria semelhante à figura de um menino disposto a lutar contra um gigante destruidor. É ela que nos dá algum combustível para continuar investindo e insistindo em boas causas, mesmo que partamos do princípio, muitas vezes falso, de que não serão alcançadas. Destes sonhos, resta a lição da sempre salutar persistência.

De modo positivo, os sonhos têm a capacidade de transformar uma ideia em projeto, em criar alguma energia para que alguma vontade oculta ou algum desejo íntimo se revelem de modo a prosperar por meio de ações efetivas, levando-nos a práticas ou mudanças de hábitos que facilitem a realização de algum propósito.

Alguns estudiosos acreditam que os sonhos fazem parte do nosso processo de aprendizagem. Por meio deles, estaríamos nos livrando de lembranças infrutíferas, abrindo espaço para que novas ideias produtivas ocupem o pensamento, facilitando a performance no trabalho e em novos estudos ou atividades.

Alguns afirmam preferir seus cérebros matemáticos e meramente objetivos, voltados a resultados financeiros, à realização de projetos materiais que venham a garantir conforto, segurança e, em casos extremos, alguma ostentação e poder.

Mas o que nos move são os sonhos que resistem aos raios de sol, que nos acompanham por toda a manhã e ocupam a mente durante toda tarde e até o anoitecer. Estes se configuram no verdadeiro ópio que dá combustível às nossas mais belas ações, que nos traz analgesia para eventuais dores, nos permite abrir novos caminhos e perspectivas com alguma coragem escondida até então.

Sonhar nos traz uma imensa sensação de bem-estar. É por esta razão que, em vez de imaginar meu cérebro como uma pasta gelatinosa e indolor, prefiro considerá-lo como um arável, produtivo e florido campo de papoulas.


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