(inspirado na canção de Vinicius de Moraes)
Quando a luz dos olhos dela encontraram meus olhos, até então opacos, minha alma se acendeu. Eu, que andava tão dolorido e tristonho, comecei a imaginar que poderia haver futuro, além daquele segundo que demorava a se mover no ponteiro do relógio. Comecei a imaginar que novas águas brotariam de fontes ainda desconhecidas, e que não haveria – nunca mais – ter que lamentar por algum leite derramado em vão.
Quando a luz dos olhos dela encontraram o meu semblante sombrio, percebi que ainda estava vivo, apesar de todas as dores. E pedi a todos os Senhores do Universo, que me dessem uma chance de desfrutar daquele olhar pelo resto da vida e, talvez, tocar aqueles claros cabelos, sentir seu hálito e o calor da sua pele.
Quando a luz dos olhos dela chegaram até mim, entendi que poderia haver um novo caminho. Nas fumaças dos nossos cigarros começaram a se formar imagens oníricas: tudo se transformava em sonho enquanto nos fitávamos extasiados. Não precisamos falar... Nossos olhares já traduziam os nossos desejos, sonhos e a necessidade de algum retorno em forma de prazer físico, visto que a minha alma já estava completamente contaminada pela luz que fluía dos seus olhos.
Quando a luz dos olhos dela chegaram até meus olhos tristes, eu me inspirei a pensar que a possibilidade de ser novamente feliz não é um sonho impossível.
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