A palavra política surgiu do grego “Polis” e “Tikos”, que significam, respectivamente, “cidade” e “bem comum”. Porém, cada vez mais ouvimos de cidadãos não envolvidos diretamente com partidos políticos ou que não tenham cargos comissionados junto a poderes governamentais, a declaração de que não se interessam pela política ou por notícias políticas.
Isto me parece preocupante, pois as políticas públicas influenciam as nossas vidas, mesmo que ocorram a milhares de quilômetros de nossas casas. Apenas como introdução, é preciso lembrar que uma guerra no Oriente Médio pode afetar o preço dos combustíveis no Brasil, e que uma taxação sobre produtos brasileiros pela União Europeia, China ou Estados Unidos pode afetar milhares de empregos no nosso País. Ou seja: o que acontece do outro lado do mundo, por decisão política, implica diretamente no que haverá (ou não) no seu prato na próxima refeição.
Isto posto, precisamos estar conscientes de que boas políticas públicas podem trazer bem-estar, segurança pública, segurança alimentar, saneamento básico, saúde, educação, arte para todos; ou seja, o bem comum. Por outro lado, as más políticas públicas trazem aflição, morte e angústia.
O exemplo mais recente no Brasil ocorreu durante a gestão da pandemia, quando a Covid-19 matou muito mais pessoas do que mataria, caso houvesse uma ação menos negacionista com relação à Ciência e às vacinas, e mais ativa em relação a medidas sanitárias e educativas.
Sobre este episódio específico, antes de falarmos da Saúde, precisamos falar de Educação: uma pessoa bem informada, capaz de checar informações recebidas de diversas fontes, teria melhores condições de avaliar os riscos de receber ou não a vacina, enquanto aquele sujeito a quem foi negado o direito de aprender a ler ou interpretar o que lê fica à mercê de opiniões alheias que nem sempre são as mais corretas para o momento.
Fato que precisa ser esclarecido: política não é discurso, embora seja necessário em qualquer circunstância da vida. Política é ação. E é por este motivo que devemos avaliar, antes do voto, a coerência dos discursos com o histórico de ações dos candidatos e, principalmente, de suas posturas diante de decisões judiciais ou de orientações científicas.
Para tanto, precisamos nos educar até o ponto em que possamos decidir o que será melhor para garantir a nossa sobrevivência e a dos nossos descendentes. Quanto a nós, talvez já tenhamos condições de discernir, mas precisamos nos preocupar para que nossos filhos e netos tenham a mesma condição; assim como, povos mais isolados e distantes dos grandes centros, tenham acesso a informações fundamentais, necessárias e verdadeiras para desfrutarem de boa qualidade de vida. Tudo isso é política!
A política pode ser uma força inovadora, empreendedora e ativa para transformar uma realidade eventualmente ruim em uma possibilidade de futuro melhor, se não glorioso, pelo menos confortável para todos.
Para concluir, cito alguns versos de Chico Buarque, em “Saltimbancos”: “Todos juntos somos fortes, somos flecha e somos arco, todos juntos somos fortes, não há nada a temer”.
Basta-nos saber quais as flechas que aceitamos receber e quais pretendemos atirar: podem ser as da sabedoria, as amorosas de Cupido ou as envenenadas pela ignorância. Isto também será uma decisão política.
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