Faleceu no último domingo, 14 de julho, o jornalista Sérgio Cabral, que além da grande atuação em jornais e folhetins também se destacou como escritor, compositor e pesquisador da música brasileira. Vítima de enfisema pulmonar, também vivia seus últimos tempos sob o fantasma do Mal de Alzheimer.
Começou a carreira jornalística aos 20 anos de idade no Diário da Noite, no Rio de Janeiro, e logo em seguida transferiu-se para o Jornal do Brasil, onde passou a escrever sobre música, em especial sobre o samba e a bossa-nova.
Torcia para o Vasco da Gama e para a escola de samba Portela, embora também admirasse a Império Serrano, Mangueira e Salgueiro. Em parceria com a historiadora Rosa Maria Araújo, produziu o musical "Sassaricando - E o Rio inventou a marchinha".
Porém, na minha modesta opinião, seus momentos mais marcantes como jornalista profissional aconteceram a partir do momento em que aceitou o convite do também jornalista Tarso de castro e do cartunista Jaguar para integrar a equipe de “O Pasquim”, em pleno 1969, início do período mais duro da ditadura militar, quando chegou a ser preso pelos inglórios milicos de então, que jamais deveriam ser exaltados, por tanto que nos trouxeram de mal e atraso, elevando a nossa dívida externa a patamares nunca antes alcançados, cerceando liberdades democráticas, assassinando opositores e ceifando vidas, ao ponto de atirarem ao mar prisioneiros vivos, a partir de aviões do Cenimar (Centro de Informações da Marinha), prática que funcionou entre 1964 e 1970, segundo registros.
Há quem diga que ninguém é insubstituível. De certa forma, é possível admitir que outro alguém possa ocupar uma função com a mesma maestria do seu antecessor, mas sempre haverá peculiaridades, detalhes que esclareçam diferenças de estilos e visões que possam trazer outras luzes para que a real notícia prevaleça.
Sérgio Cabral foi um grande jornalista, à parte sua paixão e sua maravilhosa pesquisa sobre o samba e a música brasileira em geral. Sua ausência sempre será ausência, mas sua memória sobreviverá.
Espero que sua memória seja preservada, pelo bem da boa escrita, da história da música e, principalmente, contra a luta por regimes ditatoriais e assassinos.
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