Por Leandro Sorgato*
Não exerço qualquer cargo eletivo ou função pública. Portanto, pelo menos neste momento, as palavras, a coerência, a disposição de contribuir e a coragem de externalizar o que penso, são meus principais instrumentos para me somar e dar voz às pautas de interesse da nossa região Oeste.
Neste contexto, manifesto publicamente minha indignação com a forma com que o governo do Estado de Santa Catarina vem tratando o nosso Hospital Regional do Oeste (HRO), que passa por uma séria crise financeira. Além da discrepância em relação à tabela SUS, que há vários anos está sem reajustes e correções, o período pós-pandemia agravou a situação diante do número de atendimentos que só cresce. A situação gera impacto nos profissionais da saúde que há meses não receberam seus salários, bem como nos serviços à população.
O Hospital Regional do Oeste opera desde 1986. Administrado pela Fundação Lenoir Vargas Ferreira desde 1998, atende a uma grande região formada por 1,3 milhão de pessoas abrangendo os municípios da região oeste catarinense, sudoeste do Paraná, norte e noroeste do Rio Grande do Sul.
É referência em alta complexidade nas áreas de Neurocirurgia, Gestante de Alto Risco, Captação e Transplante de Rins e Córneas, Urgência e Emergência, UNACON (Quimioterapia, Radioterapia, Oncologia Clínica e Cirúrgica e Roentgenterapia), UTI Neonatal e UTI Geral.
O Hospital Regional do Oeste possui mais de 1400 colaboradores, médicos de plantão, corpo clínico de especialistas, anestesiologistas e profissionais de clínicas, laboratórios, setor de fisioterapia, entre outros.
Os números recentes são alarmantes: as dívidas acumuladas chegam a quase R$ 50 milhões, com um déficit mensal de pouco mais de R$ 4 milhões este ano. Há atrasos no pagamento de honorários médicos, bem como a fornecedores que estariam ameaçando suspender a entrega de insumos essenciais, comprometendo assim alguns procedimentos.
Além disso, a previsão para o decorrer do ano é pessimista. Uma série de normas aprovadas em âmbito nacional e estadual devem gerar um novo déficit mensal de mais R$ 2,5 milhões e agravar a situação. Dentre elas estão o novo piso salarial da enfermagem e o recente reajuste sobre os medicamentos.
Diante dessa situação, chama atenção a postura do governo estadual que, sem um projeto claro de gestão para o nosso estado, distribui milhões em emendas parlamentares e outros projetos isolados, visivelmente com interesses ao período eleitoral que se aproxima. Por outro lado, o mesmo governo do estado repassa apenas R$ 1,3 milhões por mês ao HRO, o que não chega a 20% da folha de pagamento. Assim, deixa à própria sorte centenas de profissionais da saúde e a população que depende dos serviços prestados pelo maior centro de saúde pública do Oeste.
Para sair dessa situação, o Hospital Regional do Oeste necessita de um aporte imediato de R$ 15 milhões para resolver o deficit acumulado nestes primeiros meses de 2022, além de um adicional mensal para honrar com os novos custos mensais a partir do mês de maio.
Considerando essa situação que preocupa a todos nós, oestinos, faço um um apelo público ao nosso governador: pense menos na eleição, e faça algo urgente pelo nosso Hospital Regional. Afinal, a saúde da nossa região não pode mais esperar.
* Reitor da Uceff e pré-candidato a deputado federal
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