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SABERES DA MATA

Projeto documenta a relação do povo Kaingang com os saberes ancestrais sobre a mata

Por: LÊ NOTÍCIAS
20/07/2022 20:31 - Atualizado em 20/07/2022 20:33
Sirli Freitas Por seis meses, Sirli Freitas acompanhou a rotina e os conhecimentos dos Kaingang na Aldeia Kondá, em Chapecó, documentando a relação entre a medicina indígena e a mata Por seis meses, Sirli Freitas acompanhou a rotina e os conhecimentos dos Kaingang na Aldeia Kondá, em Chapecó, documentando a relação entre a medicina indígena e a mata

Está disponível no aplicativo Instagram no perfil Rituais de Resistência a Exposição Multimídia Saberes da Mata. Os registros documentais são fruto da pesquisa da fotojornalista Sirli Freitas, a partir do XVI Prêmio Marc Ferrez de Fotografia, desenvolvido pela Funarte.

Uma importante iniciativa que estimula a produção fotográfica brasileira, em especial relacionada ao patrimônio imaterial, meio ambiente e turismo sustentável. Durante seis meses Sirli conviveu, participou da rotina e mergulhou nos conhecimentos populares do povo Kaingang, morador da Aldeia Kondá, em Chapecó, Santa Catarina, para registrar a relação entre a medicina indígena e a mata.

Compõe os registros fotografias e vídeo, construindo assim, a partir da imagem e da oralidade, a iconografia, dando um corpo documental para esse patrimônio imaterial, coletando depoimentos e registrando a paisagem física e social do lugar, das plantas, das ervas e da floresta. Os registros abordam o conhecimento dos indígenas sobre as matas e seu uso medicinal para a cura de muitas doenças, um saber ancestral que está se perdendo com os mais velhos. “A ideia é, além de preservar o patrimônio imaterial, passar adiante todo o conhecimento ancestral”, explica a fotojornalista.

TERRITÓRIO INDÍGENA

O projeto traz, além da difusão do conhecimento dos povos originários, um olhar para história da comunidade, assim como a reflexão do que estamos vivenciando no agora. “Chapecó foi um importante território indígena que, por volta dos anos 1920, se transformou em palco de grandes conflitos agrários, quando empresas colonizadoras chegaram para desbravar a região. Se o genocídio físico não bastasse, uma cruzada para apagar a memória, as crenças e os saberes dos povos originários, fez com que esse conhecimento originário fosse deslegitimado, e impedido de ser registrado e sistematizado. Essa mesma sociedade que operou essa exclusão, vem adoecendo cada vez mais, construindo um espaço urbano em desarmonia com a natureza”, enfatiza a pesquisadora.

Segundo um estudo recente, em Chapecó existe uma farmácia para cada 700 pessoas, um número muito superior ao parâmetro da OMS. “A receita entre falta de qualidade de vida, alimentos ultraprocessados e uma política de saúde medicamentosa, criou uma sociedade doente e desconectada com o meio ambiente”, continua.

Os registros abordam o contraponto dessa realidade urbana, falam sobre cura, sobre a relação respeitosa e em harmonia, entre os indígenas e a mata. Para Sirli esse torna-se um exercício cada vez mais indispensável, quando pretendemos pensar alternativas de vida e de saúde para toda a nossa comunidade.

“Como projeto trazemos conhecimento sobre as potencialidades e ancestralidade das plantas, dentro da cultura Kaingang, assim como a paisagem onde estão inseridas. Ir para a mata, identificar a planta, colher, preparar o chá… estamos falando sobre esse ritual, cuidado e costume, que para os brancos se perdeu em meio a tanto cimento”, finaliza Sirli.


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