Semana passada o mundo testemunhou nos EUA mais uma amostra da capacidade do ser humano de ser estúpido e de poder superar os limites disso a cada dia, a despeito da expectativa geral de evoluir, parece que se dá um passo para frente e dois pra trás.
Uma pequena turba de fracos das ideias num cantinho só de um país inteiro, mas não quer dizer que seja um fato isolado e restrito. Muita gente pensa assim, só não se manifesta pra não passar vergonha por ser hoje uma ideia insustentável, tosca, burra e proibida por lei. Quem defende isso se identifica, certamente. E aqui não é diferente, junto dos costumes que chegaram aqui com os colonizadores, veio o racismo e outras seletividades também.
Fui olhar de novo um material que tenho desde a faculdade, “A Sociedade Aberta e seus Inimigos”, de Karl Popper, que trata de filosofia política, para relembrar uma parte importante: o paradoxo da intolerância, onde diz que "a tolerância ilimitada leva ao desaparecimento da tolerância. Se estendermos a tolerância ilimitada mesmo aos intolerantes, e se não estamos preparados para defender uma sociedade tolerante contra os ataques dos intolerantes, então, os tolerantes serão destruídos, e a tolerância juntamente com eles”.
Um outro filósofo, John Rawls, acha que a sociedade que não tolera o intolerante é injusta, por ser então intolerante, mas ambos chegam a um ponto em comum: a sociedade tem o direito de preservação do bem estar coletivo, que é um ideal maior e vinculante.
São algumas minorias que defendem essas bizarrices de seleção e qualificação das pessoas por aspectos irrelevantes, minorias que só agem assim pra chamar atenção e usam desses meios por não ter nada especial para mostrar, são os intolerantes, que existem de favor, só porque são tolerados pela sociedade.
Os nazistas declarados da manifestação da Virgínia veneram causas e heróis derrotados, gente vil e cretina, e acham certo achincalhar imigrantes tendo importado a ideia dos alemães da década de 1920, desrespeitando, inclusive, todos os povos Aliados e seus combatentes que lutaram a Segunda Grande Guerra justamente contra essa ameaça, que se tivesse vencido, teria os subjugado por não estarem no padrão imposto pelos nazistas originais, o que os coloca ainda mais perto da categoria de grunhir e babar, se houvesse uma escala de burrice.
Enfim, isso tudo não significa que devemos suprimir as linhas intolerantes, mas sim, desenvolver mecanismos legais e intelectuais para combatê-las com argumentos racionais e mantê-las sob controle, principalmente considerando crime a incitação à intolerância e a perseguição por causa dela.
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