Prefeito eleito em 1982, Ledônio Faustino Migliorini ficou à frente de Chapecó entre 1983 e 1989. Mas a história da família Migliorini em terras do Oeste inicia ainda na década de 1930, quando seu avô, Ventura Migliorini veio de Encantado (RS) e adquiriu 180 colônias de terras entre Faxinal dos Guedes e Ipuaçu, cidades fundadas pela família, que desde daquela época tem ligações políticas muito fortes. “Meu avô foi candidato a vereador quando Xanxerê emancipou de Chapecó e Faxinal dos Guedes passou a pertencer a Xanxerê. Na primeira eleição que houve, meu avô foi candidato a vereador por Faxinal dos Guedes e foi o mais votado, consequentemente, presidiu a primeira sessão na instalação do município de Xanxerê, e que deu posse ao primeiro prefeito eleito. Meu pai Antônio e meu avô Ventura lideraram o movimento pela emancipação de Faxinal dos Guedes, com apoio de Attílio Fontana, do Celso Ramos. Meu pai foi eleito primeiro prefeito de Faxinal dos Guedes com 75% dos votação, pelo velho PSD. Ele foi eleito mais uma vez na segunda gestão na década de 1970”, contou ao LÊ NOTÍCIAS, relembrando a trajetória política da família.
Ledônio Migliorini desde jovem sempre esteve presente na política, já menino conheceu Celso Ramos e Nereu Ramos, que tornou-se presidente da República. Quando adolescente, estudou em Joaçaba e Carazinho, pois Faxinal na época só tinha o primário. No início dos anos 60, foi para Chapecó, onde iniciou trabalhando em um frigorífico. “Por sinal, na época, o Bertaso convidou meu pai para liderar a organização do frigorífico, mas como nós já trabalhávamos com madeira, cerâmica, fábrica de erva mate, compra e venda de terras, foi recusado o convite, mas o genro do meu pai, Plínio Arlindo De Nês, representou a família Migliorini”, conta, relembrando o início da agroindústria na capital do Oeste.
Ledônio contou que, ao iniciar os estudos e trabalhos em Chapecó, começou a participar da comunidade, movimento estudantil, fundando mais tarde a Câmara Júnior (JCI), em Chapecó, se tornando o primeiro presidente e devido aos destaques, foi convidado a concorrer para vereador pela primeira vez, elegendo-se como o segundo vereador mais votado do município, depois reelegendo-se e inclusive presidiu a Câmara, na década de 1970.
“Em 1982, tinha participação ativa na comunidade, estava sempre presente na Associação Comercial de Chapecó (Acic), Câmara Júnior, e em outras entidades. No esporte também sempre fui muito ativo, presidindo o esporte do frigorífico, depois fui convidado e lançaram meu nome como candidato a prefeito. O pessoal da empresa insistiu tanto que acabei concorrendo e, na época, eu fundei o Partido Popular (PP), que era o partido do Tancredo Neves. Fomos para a eleição, concorri contra quatro candidatos e acabei me elegendo. Inclusive, sozinho, eu fiz mais votos do que a soma dos quatro concorrentes. Era uma gestão de seis anos, nesse período também tive meu nome lançado como vice-governador com o apoio de todo o Estado, mas acabei reclinando para terminar o cargo que exercia, que era de prefeito de Chapecó”, relatou ao LÊ.
Segundo Ledônio, ao assumir a prefeitura, a situação estava muito difícil financeiramente e o funcionalismo público estava com atrasos. “Estávamos trabalhando, buscando recursos em Brasília e em Florianópolis, mas também tivemos uma época muito difícil de recursos com o Estado, por exemplo, não teve apoio do então governador para a Efapi, aí fomos a Brasília...”, relembra das dificuldades.
O ex-prefeito lembra que foi à capital federal buscar recursos com o então presidente José Sarney, realizando uma das maiores Efapi da época. “Convidei o presidente para estar presente, mas ele não pôde e quem representou-o foi meu saudoso amigo José Hugo Castello Branco, então ministro-chefe da Casa Civil. Liguei e convidei o governador do Paraná, José Richa; o ministro da Agricultura, Pedro Simon e o presidente do Banco do Brasil. Todos vieram. A Efapi de 87 foi histórica. Quando eu assumi, não havia o Parque de Exposições Tancredo de Almeida Neves e então revitalizamos tudo, a Avenida Fernando Machado nós tivemos que reduplicar porque era mão única, mantemos as árvores do parque e reformamos”, lembra com satisfação.
Na época, segundo Ledônio, a Efapi não tinha portão e cerca, sendo então colocado um portal e nomeado o parque como Tancredo Neves. “Também asfaltamos, porque não tinha nada, colocamos o pavilhão central, o pavilhão de leilão, pavilhão de bovinos, restaurante, rede de água, rede elétrica, iluminação. Nós refizemos tudo. As feiras aconteciam no meio do barro. Asfaltei a avenida São Pedro, passando pela faculdade, principalmente, asfaltei o acesso à faculdade, acesso à Avenida Leopoldo Sander, o prolongamento, dupliquei avenidas, asfaltei até o bairro Seminário, em todos os sentidos”, diz, sentindo-se realizado.
Em sua gestão o município recebeu uma revolução asfáltica, onde no Centro, a rua Marechal Deodoro até a avenida São Pedro, foi asfaltada. “Também a rua Porto Alegre, fizemos o calçadão, que depois da minha gestão destruíram. Depois do Calçadão, em direção ao Piazza. A rua Benjamin Constant, o aterro duas quadras depois do Calçadão e ali perto da General Osório tinha um buraco enorme, aterramos e fizemos a ligação asfáltica”, lembra
Durante seu mandato, Ledônio fez a maior compra de equipamentos rodoviários entre caminhões, máquinas, caçambas e ambulâncias. No total, foram 115 veículos, a maior compra do Estado na época. “Nós fizemos uma nova legislação, reforma tributária, a regulamentação dos táxis, das funerárias, informatizamos a prefeitura, que passou a ter todos os dados com informação direta do meu gabinete”.
Migliorini implantou em seu mandato o Governo Centralizado onde toda a máquina pública era levada as comunidades para que a Administração Municipal soubesse as reinvindicações dos bairros e interior. “Baseado nisso, eu montava a equipe. Quando saíamos de lá, a população estava contente e os serviços eram prestados. No interior de Chapecó, fazíamos a mesma coisa. Em todas as obras, não importava o tamanho, eu estava presente”.
Em Chapecó, logo no início do seu mandato, houve uma das maiores enchentes da história, onde houve quedas de barreiras nas estradas e todas as pontes do interior, cerca de 150, foram levadas pelas chuvas. “Após as chuvas, levamos telefonia a todos os distritos. Construímos um Centro Administrativo em Guatambu, no Distrito Marechal Bormann, outro na sede de Figueira, um no Goio-Ên. O asfalto no trevo de Cordilheira Alta fui eu que fiz, e a saída também. Levei telefonia a várias linhas de Chapecó. Neles, havia unidade de saúde, correios e posto bancário”.
Ledônio finaliza contando que recebeu muitos prêmios pela administração que fez em Chapecó na década de 80 e que todos os chapecoenses foram lembrados na sua gestão. “Construímos o primeiro pavilhão do bairro São Pedro, além de calçamento com recursos federais, fizemos um conjunto habitacional no local, construímos uma escola com 10 salas de aula, montamos um posto policial e inauguramos a primeira creche”.
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