O desenvolvimento do município de Luiz Alves, associado às culturas da cachaça e da banana, foi tema da reunião da Comissão de Agricultura e Desenvolvimento Rural.
O deputado Altair Silva (PP) abriu o espaço para a manifestação dos representantes do município. Ele destacou a importância da Indicação Geográfica dos produtos que são os mais importantes para a economia local. "Essa identificação agrega valor e abre mercados", justificou o parlamentar.
O prefeito Bertolino Barchamann, o Caboclo (MDB), compareceu acompanhado de três secretárias municipais e disse ter muito orgulho do desenvolvimento econômico associado à cachaça e à banana. Ele mesmo é bananicultor há 35 anos.
"A banana é uma das frutas mais higiênicas. Tanto que um mecânico pode comer uma banana, mesmo com as mãos sujas de graxa", comentou o prefeito.
CERTIFICAÇÕES FUNDAMENTAIS
A secretária municipal de Agricultura e Meio Ambiente, Vanessa Maria Correa de Andrade, que é técnica agrícola, discorreu sobre o potencial do município e se emocionou ao subir à tribuna na Alesc Itinerante.
Sobre a cachaça, informou que a denominação de origem (DO) foi conferida em 2024 pelo Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI), levando em conta a levedura única, a forma artesanal de produção e as qualidades de solo e clima. Ela disse que cachaças e aguardentes locais já foram premiadas inclusive na maior feira mundial de destilados, realizada em Bruxelas, na Bélgica.
Ela também atribuiu grande importância à conquista da Indicação de Procedência (IP) para a cultura da banana local, que hoje representa 90% da economia agrícola e faz de Luiz Alves o segundo maior produtor do Estado e o quarto maior do País. A procedência foi conferida pelo sabor e doçura das frutas locais, considerados de melhor qualidade na região.
Vanessa lembrou a importância da qualificação para conquista de mercados, inclusive no exterior. A banana de Luiz Alves é exportada, especialmente para países do Mercosul, como Uruguai e Argentina. Para dar ideia do volume de produção, a secretária disse que somente o município produz o equivalente a 160 unidades da fruta ao ano para cada cidadão catarinense.
A secretária aproveitou para apelar aos deputados, pedindo pressão política por investimentos na infraestrutura rural, especialmente na pavimentação de estradas no acesso às comunidades do interior, e na expansão da internet e das redes de energia elétrica trifásica, explicando que a banana precisa ser acondicionada em câmaras frias e ter o máximo cuidado na manipulação para não perder qualidade.
DEPUTADOS VALORIZAM PEDIDOS
Ao término da exposição, o deputado José Milton Scheffer (PP), que também é técnico agrícola, reforçou a posição em defesa de investimentos "fundamentais para a agricultura familiar, como estradas, internet e energia de qualidade".
Já o deputado Marcos Vieira (PSDB) lembrou que a Assembleia Legislativa tem beneficiado as culturas locais com isenções tarifárias e destacou a aprovação pelo Parlamento estadual de recursos para a ligação entre Luiz Alves e a SC-108, rodovia que auxilia no escoamento da produção agrícola local.
O deputado Berlanda (PL) demonstrou surpresa com o pedido de apoio à instalação de redes de internet no meio rural, que considera "investimento fundamental para o desenvolvimento".
E o deputado Antídio Lunelli (MDB) elogiou a administração municipal de Luiz Alves por valorizar as mulheres no secretariado. "Elas têm muita sensibilidade para resolver muitos problemas ao mesmo tempo".
HISTÓRICO DA CACHAÇA
O primeiro alambique registrado de Luiz Alves data de 1916. A produção ganhou escala e se tornou tradição, com várias famílias se dedicando à atividade. O processo artesanal de produção, com leveduras nativas e envelhecimento da cachaça em barris de carvalho, amburana ou bálsamo, confere sabores característicos.
A atividade econômica se tornou a mais importante do município, que é conhecido como a "Capital da Cachaça". A cidade possui 10 alambiques e a “Rota da Cachaça”, primeira do país, lançada em 2018 para atrair turistas e apresentar o processo de produção.
A tradição é preservada através de gerações, com muitos alambiques transmitindo o conhecimento de pai para filho. Algumas famílias já operam desde a década de 1940, mantendo a produção artesanal. O melado de cana é utilizado na fermentação em vez do caldo de cana fresco, e alguns alambiques ainda utilizam fornos à lenha no processo de destilação.
BANANA GANHOU FORÇA
A produção de banana iniciou em 1976, impulsionada por uma crise econômica que levou à busca por novas atividades agrícolas. Com o passar dos anos, transformou a economia local e possibilitou a sucessão familiar em muitas propriedades, tornando-se o principal produto agrícola do município.
Hoje, a atividade está presente em cerca de 400 propriedades, com mais de 4 mil hectares cultivados, consolidando Luiz Alves como uma das maiores referências do país em qualidade e produtividade.
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