Certa vez jogando futebol em um campeonato errei um passe que resultou em um gol adversário. Fiquei mal, e no outro dia seguia mal, isso me derrubava, me entristecia, pois parecia que todos me odiavam e isso ia me corroendo por dentro. Então lembrei do perdão, claro eu só sou humano passível de erro. Como mágica, ao me perdoar e ter consciência que posso errar, aquele mal-estar passou. Mas depois de um tempo voltou, então tive me perdoar de novo, e mais uma vez e 100 vezes no mesmo dia pelo mesmo erro.
Conto essa história para compreendermos que o perdão é uma ferramenta, que devemos usar constantemente, não apenas o perdão, mas sim a humildade, honestidade, compaixão. Essas são ferramentas valiosas para superarmos a crise humana e social que estamos vivendo. Compreender que o real crescimento vem com prática diária das ferramentas e isso é essencial para uma vida de paz e harmonia.
Sei que muitas vezes, na vida adulta, a paz parece algo impossível que só nas férias vibramos próximo a um tom de paz, e é terrível perceber que nesse instante falamos ao terminar esse período que vamos voltar para a vida real, e assim seguimos como adultos infelizes acreditando que a vida real é uma vida sem paz. Isso é muito grave, pois é um desrespeito à vida, e isso não é uma crítica ao trabalho ou a disciplina, bem pelo contrário, podemos estar em paz nas piores adversidades se compreendermos o poder que essas ferramentas têm.
Não somos humildes, praticamos humildade, entenda que ferramenta deve ser usada até que nenhuma arrogância nos atinja ou que nenhuma soberba impere. Usar humildade é como se estivéssemos blindados para uma das piores mentiras que a sociedade impõe, que é a de que somos o que temos, que é de ser mais por ter mais, ser mais por sermos mais inteligentes, ser mais pela profissão. Praticando humildade não nos sentimos mais ou menos por nada, tão pouco achamos que sabemos mais que o outro para não estar aprendendo com ele.
Os que praticam a humildade estão graduando na escola da vida. Voltamos ao perdão, ferramenta que usamos para nos perdoar e perdoar aos outros, perdoar a sociedade, perdoar para transcender essa estagnação social que vivemos desde os tempos medievais. O perdão age como uma esponja limpando uma lama pesada que carregamos diariamente, sem perceber, que nos contaminamos nesse meio frenético e competitivo que exala ódio, culpa, inveja e arrogância.
Perceba que as ferramentas são antídotos para essa limitação humana e o perdão é capaz de te elevar trazendo uma consciência que transcende a essa realidade destrutiva e te coloca em uma realidade saudável. Estar em paz e viver em paz, nos traz saúde e, para uma sociedade doente, quanto mais paz, quanto mais cultura de paz, quanto mais pessoas em paz, vamos curando. Claro que aos poucos, começando por nós mesmos, nos superando, usando essas ferramentas vamos saindo desse tom onde paz é ilusão, onde maturidade é sinônimo de infelicidade e vamos entrando em um tom de gratidão onde, o simples fato de respirar, nos traz alegria, onde sentimos felicidade pela vida e emoção nas relações.
Saímos de um tom robótico, reptiliano de ódio e violência e ganhamos consciência de plenitude e paz. Então, você que está lendo, te perdoa, perdoa a todos, respira, te acalma, você tem direito de existir, de ser. Seja honesto, você não precisa ser o melhor de tudo em tudo, só ser honesto, fazer tudo de forma honesta, agir com honestidade. Vista-se de humildade assim ninguém pisará em ti e nem sentirá a necessidade de pisar em alguém, aprenda com a vida.
Tire um tempo para você pensar sobre isso, tire um tempo para pensar em nada, seja dono do seu tempo, seja rico de tempo. Tenha compaixão, pois como você, os outros também são humanos com defeitos e talentos, aceite, perdoe. Pratique isso diariamente, use as ferramentas como você usa o garfo e faca no almoço, e assim vai despertar um ser de amor sem medo. Sem medo ser feliz, sem medo de ser o que for, sem medo de ser humano.
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