O fim do ano se aproxima, mas com tantas surpresas no futebol, o Papai Noel ficou em segunda posição nas rodas de conversa. O Bom Velhinho perdeu terreno para outro colorado, o Internacional. Porém, diferente do Natal – muito aguardado por adultos e crianças, o Inter não esperava tantos holofotes neste dezembro. O rebaixamento para a segunda divisão do Campeonato Brasileiro, após empatar com o Fluminense no domingo (11), por 1 a 1, não tem, nem de longe, gosto de espumante ou de panetone. Após sofrer com a tragédia envolvendo a Chapecoense, no último 29 de novembro, os colorados – que nos últimos meses também adotaram o manto do Verdão do Oeste, agora amargam o sabor do adeus à elite do futebol brasileiro. Se por um lado o empate agraciou o Grêmio com mais uma taça, por outro fez com o Inter lamentasse profundamente a sucessão de erros cometidos no ano.
Acostumado a mexer com as emoções dos torcedores, principalmente no Sul do País, ao enfrentar o Grêmio no Campeonato Brasileiro, em 2017 o Clube terá de se acostumar em conviver diretamente com o ABC, Luverdense, Ceará, Juventude, Paysandu, entre outros da segunda divisão. O sentimento ainda é de pesar também por parte dos gremistas, que sentiram igualmente a perda de jogadores e comissão técnica da Chape, mas o momento pede por cornetas. O riso, que há anos estava preso na garganta dos tricolores, neste início de semana voltou à face dos gremistas. Em Xaxim, onde sabe-se bem quem torce para um e quem torce para o outro, é comum – seja nos encontros de amigos ou nas redes sociais – as chacotas feitas aos colorados.
Descontentes com a gestão do Clube, com os jogadores e atitudes pontuais de seus dirigentes, os colorados parecem aceitar a derrota e, inevitavelmente, as brincadeiras dos tricolores. Enquanto isso, o presidente do Inter, Vitorio Piffero, chamou para si a responsabilidade pelo rebaixamento inédito do Inter à Série B. “Quero pedir desculpas ao torcedor. Todos os erros são de minha responsabilidade. Sempre que tomei uma decisão, pensei em fazer o melhor pelo Internacional, mas, pelo visto, errei, e errei muito. Chegamos à semifinal da Libertadores no ano passado e começamos bem esse ano, chegamos a estar na liderança do Brasileiro. De lá para cá, o grande erro talvez tenha sido deixar o time muito jovem. Não estou botando a culpa neles, mas um time tem de ter média de 27, 28 anos, e o nosso time ficou aquém.”
Rivalidade à parte, enquanto comemoram a conquista do pentacampeonato da Copa do Brasil, na quarta-feira passada (07) por 1 a 1 contra o Atlético/MG na Arena, os gremistas dividem o tempo entre chacotear e consolar a turma colorada. Já os fiéis torcedores do Inter apontam falhas na organização do time e lamentam definhamento da equipe. O LÊ conversou com um gremista e um colorado de Xaxim, que ressaltaram momentos vividos pelos times do coração. Acompanhe.Claudio Luiz Lenger, junto aos filhos João Henrique e Luiz Felipe comemoram conquista do Grêmio
"Nem o torcedor mais otimista iria imaginar um final de ano assim para nós gremistas. Afinal, ficamos 15 anos sem ganhar um título de expressão e, em contrapartida, vimos os colorados conquistarem a América e o mundo nesse tempo, enquanto nós amargamos um descenso. O ápice para o torcedor de qualquer time é ser campeão de um título de expressão no mesmo ano em que o rival cai para uma série inferior, e isto aconteceu para nós em quatro dias. Nas redes sociais, desde seu início até quarta-feira, éramos zoados por comemorar vaga; sermos eliminados em tudo; por ficar 9, 10, 11...15 anos sem título. Mas os tempos mudam, o vento vira, a gangorra inverte, são os altos e baixos. Para nós, foi uma semana singular, inesquecível, pois no domingo de 11 de dezembro de 2016, além de assistir o descenso do arquirrival, era o dia em que comemorávamos 33 anos da conquista do Mundial Interclubes, na época conquistado com 2 gols de Renato “Gaúcho” Portaluppi, o mesmo que na quarta-feira trouxe novamente alegria para o torcedor tricolor, agora como técnico. A emoção foi grande. Para meus amigos colorados eu digo, sigam nosso exemplo, não abandonem o time, é apenas um período, passamos por isso duas vezes, e não é vergonha alguma jogar a Série B. Vergonha é tentar de qualquer jeito e qualquer forma ficar na série A, utilizando meios extracampo. O Inter não caiu no domingo, caiu durante o campeonato, com más atuações, contratações mal feitas e direção cometendo erros. Agora é juntar os cacos e montar um projeto 2017 rumo à Série A. Somente por uma catástrofe, o Inter não retorna à elite em 2018. E como sempre digo aos amigos colorados, somos rivais sim, mas inimigos nunca. Saudações Tricolores!"Paulo Dall’Asin acredita em ascensão da equipe, mas lamenta falta de estímulo dos jogadores
"Depois que alcançamos o título mundial em 2006, de lá para cá foi somente Gauchão. Nós nos contentamos com o tal de Gauchão e a presidência do Inter, quem o coordena, esqueceu que os torcedores querem mais garra; querem mais ação. Pegamos tantos boleiros de valor só e que não honram a camisa do Inter. É muita gurizada nova e não tem um pulso firme lá em cima que fale ‘- Óh, vamos ter que jogar bola!’, ao contrário do Grêmio. Tenho admiração pelo Grêmio, pois ele joga muito com garra e determinação. Está na cara a diferença entre o Inter e o Grêmio. É bonita a rivalidade? É muito bonita, mas em termos de garra nós perdemos de 10 x 0 pros caras. É muito no toquinho de bola e assim por diante. A má administração da presidência é um problema. Começa de cima. Tanto é que fiquei muito sentido com as palavras do vice-presidente sobre a Chapecoense. Tenho 37 anos e torço desde pequeninho pelo Internacional, então é claro que sinto o rebaixamento, mas a dor foi tamanha com as palavras dele; o caso me machuco tanto, que antes mesmo de cair, eu já vinha dizendo que tinha que cair para se reerguer um pouco mais forte e mudado. Não chorei pelo Internacional porque chorei muito pela Chapecoense. Este baque da Chape nos ajudou a ver ‘o outro lado da moeda’."
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