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Memórias do Campo | Homenagem do Dia Da Mulher

Por: Luiz Dalla Libera
08/03/2019 16:45

Os últimos três anos fiz através deste Jornal Lê NOTÍCIAS as homenagens das mães e neste ano, neste dia oito de março, é o Dia Internacional das nossas guerreiras mulheres, então não poderei passar em branco sem homenageá-las através das minhas colunas Memórias do Campo. Eu, que por muito tempo da vida morei na área rural e o maior tempo de vida, moro na área urbana, tenho boas recordações que segue: iniciando pelo trabalho das irmãs religiosas “freiras”, elas não eram casadas, não são mães, mas em seus vários trabalhos existem muitos méritos, também representando a mulher, um exemplo está no evangelho de João C:2 V. 1a11: em Canaã da Galiléia, na festa de casamento, faltou o vinho, e a mãe de Jesus preocupada chamou e disse: “Filho, está faltando vinho”. Jesus respondeu: “Mulher, a minha hora ainda não chegou”, bem que podia ter dito minha mãe, é que maria naquela hora estava em trabalho social como mulher. As irmãs religiosas são da única classe que não podem representar os trabalhos dos colegas e companheiros, os sacerdotes, que celebram missas, mas respeitamos a lei da Igreja Católica Romana.

Nas outras classes de trabalho, tudo o que os homens fazem, as mulheres também fazem, até o que os homens não fazem, serviços domésticos e cuidar das crianças etc...

No final do século, as mulheres deram um avanço muito grande alcançando os homens em trabalhos sociais profissionais em: Medicina, Direito, Justiça etc... Na vida pública política ainda está lenta, apesar que Xaxim deu o primeiro passo de Santa Catarina na primeira eleição municipal elegera uma mulher vereadora. Passados 65 anos, Santa Catarina e o Brasil estão valorizando as mulheres na vida pública, hoje Xaxim tem duas mulheres vereadoras eleitas, embora 2018 acompanhava as sessão através da rádio, ocupava três cadeiras, sendo uma suplente.

Chapecó está bem representado de mulheres na vida pública na política. Em 2018, foram eleitas três mulheres, Luciane Carminatti, reeleita deputada estadual, a segunda mais votada no Estado, e seus trabalhos vão ter um futuro político forte, Caroline De Toni, representando a Câmara Federal, e a vice-governadora, pela primeira vez Oeste ter eleito a vice, que é natural do Extremo-Oeste, mas tem domicílio em Chapecó, a Daniela Reinehr.

A região da Amai também contribui com mulheres eleitas, prefeita e vice, apesar que a primeira poderia ser de Xaxim na eleição de 2000, era a minha grande alegria, mas como escrevi em colunas passadas, respeitamos o voto livre e democrático. Parabéns aos municípios de Bom Jesus, este elegeu a primeira mulher prefeita da Amai, seguindo por Ouro Verde, São Domingos , Ipuaçu e Faxinal dos Guedes, este elegeu a vice-prefeita. Parabéns também a Xaxim, apesar que não conseguido eleger a mulher prefeita, mas ela foi à luta igual a guerreira e heroína Anita Garibaldi.

Acredito, pelo ano 2050, as mulheres na vida pública da política estarão igualando com os homens. Não tenham medo, mulheres, vocês são a maioria e podem fazer que os homens fazem, até melhor.

Na política, os homens são superiores das mulheres, mas em trabalhos litúrgicos de Igrejas, pelo que sei na Católica, as mulheres são muito mais superioras, que devia ser os homens razão porque os padres, bispos, arcebispos e papa só pode ser pessoa masculina.

E as mulheres da área rural! Hoje ainda estão fazendo média com os homens, mas antigamente eram pouco valorizadas, o lugar delas era molhar a barriga no tanque e secar no fogão. Na saúde, quem não viu não acredita o que elas passaram e enfrentaram. Mas desde aquela época, até hoje, os hospitais e postos de saúde, na limpeza, na enfermagem e os médicos especialistas e em geral, são mulheres. Eu não vi tudo, mas me contaram que no período de gestação, algumas passavam os nove meses sem conhecer um médico, isso também aconteceu com minha esposa na primeira e segunda gestação. Antigamente, 99% das crianças nasciam em casa. Dos três filhos nossos, só o último que nasceu no hospital, sendo que os que nasciam em casa, era com ajuda das parteiras, sem nada de medicamento. As mais antigas tinham pouco agasalhos de inverno e viviam com os pés descalços, colocavam calçados e chinelos só no dia que ia batizar a criança.

Apesar das dificuldades, pouco vestuário, recursos da saúde, mas ainda podemos agradecer a uma mulher de um grande coração generoso e caridoso, junto ao seu filho. Essa mulher mora lá no céu, a mãe de Jesus, acredito que ela e o filho sempre acompanhavam nas horas difíceis, o passo a passo das mulheres.

A minha mãe, em final de julho de 1936, junto com o pai, com uma menina de dois anos de idade, estava grávida do sexto mês do segundo filho, que é meu irmão Carlos, que mora em Limeira, no interior de Xaxim, saíram de mudança de Guaporé (RS), de carroça, sendo que a viagem durou 14 dias até chegar no Distrito de Hercílio Luz, hoje Xaxim. Era ainda pleno inverno, nunca falaram que as 14 noites dormiram acolhidos em alguma casa ou galpão, de Passo Fundo ao Goio-Ên, por via Nonoai, era só campo, não existia moradores. Será que em 14 noites não choveu ou fez frio?

Com certeza que dormira embaixo da carroça, que era coberta com lona de algodão. Eu até conheci, era chamado de tendão, também usava para colher produtos da roça.

Estes foram alguns sofrimentos que passou minha mãe e outras mulheres também, mas uma coisa foi e é certa, que o filho da mulher do céu sempre estava lhe acompanhando, apesar dos poucos recursos, mas tiveram uma vida com saúde, mulheres e filhos. Isto vi em nossa família, a mãe viveu até 86 anos, teve seis filhos, todos vivos com boa saúde, eu sou o mais novo com 75 anos e só fiquei internado uma vez por acidente de carro. O segredo da saúde é o leite da mulher e alimentos naturais que as mulheres plantavam e colhiam.

Uma grande perseguição absurda com as mulheres que deixaram a área rural e vieram morar na área urbana para conseguir o benefício da aposentadoria, apesar que o tempo que a mulher viveu na roça, elas trabalhavam mais que os homens. Nos documentos das certidões constava do lar ou doméstica, então a culpa não foi do declarante, eu sou testemunho disso, ao declarar os registros ou certidão, só o escrivão pedia o dia do nascimento da criança, a hora e local. “Do lar e doméstica” colocava por sua conta por livre vontade. Hoje os chefes da antiga e nova reformada ou enforcada previdência nem estão aí, será que os nossos governantes políticos e suas damas mulheres se aposentam com 60 ou 65 anos?


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