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BOAS HISTÓRIAS

Municipalista gaúcho de 82 anos conta relatos sobre emancipação de cidades em SC e RS

Nos anos 90, incentivou o desmembramento de grandes territórios para emancipação de municípios no Noroeste do RS e Oeste de SC
Por: LÊ NOTÍCIAS
02/07/2020 15:41 - Atualizado em 27/04/2022 19:00
Arquivo Pessoal Da máquina de escrever ao notebook: Lamarque tem mais de 60 anos de dedicação ao Jornalismo Da máquina de escrever ao notebook: Lamarque tem mais de 60 anos de dedicação ao Jornalismo

Por Axe Schettini e Vitória Schettini

Num momento em que a conjuntura internacional era de crise econômica generalizada e as nações enfrentavam grandes consequências sociais e estruturais, somadas aos regimes totalitários instaurados mundo afora, o Brasil vivia a iminência da instalação do Estado Novo pelo então presidente Getúlio Vargas.

Foi neste período, mais precisamente em 18 de novembro de 1937, em Giruá (RS), que nasceu o jornalista gaúcho João Lamarque de Almeida, um cidadão com imensuráveis histórias para contar, como na época que participou da emancipação de dezenas de municípios no Noroeste do Rio Grande do Sul e Oeste de Santa Catarina.

Em entrevista ao Lê NOTÍCIAS, Lamarque contou sua história de vida, lembrando dos momentos de infância quando ajudou seus pais no corte de erva-mate, em meados de 1945, na região de Giruá. Ainda jovem, já com comportamentos de comunicador, ingressou no Exército Brasileiro em Santo Ângelo (RS). “No Exército, minha atividade era de fiscalização administrativa, registrando o que entrava e saía do regimento e, ainda, organizávamos as correspondências para as partes dos regimentos, secretarias, oficinas mecânicas e esquadrões. Fui cabo entre dois e três anos”, relembra.

No início da década de 60, João Lamarque mergulhou suas atividades no Jornalismo e iniciou publicação de revistas, conciliando com os trabalhos na rádio Santo Ângelo, onde era locutor. Entre 1961 e 1963, transmitia programas de notícias aos Sete Povos das Missões e aos giruaenses. Em 1964, editou a Revista Cara, já acompanhando as movimentações dos pequenos municípios nas campanhas por emancipações, momento este em que o Rio Grande do Sul possuía expressivas lideranças políticas.

À época em que iniciou a carreira como jornalista, ele conta sobre uma rotina de trabalho sem as facilidades que a tecnologia proporciona hodiernamente. “Para a produção das reportagens, eu ia até a pessoa entrevistada, nunca fazendo por telefone e, dessa forma, a gente se aproximava da pessoa e da comunidade. Havia apenas o telefone fixo, não tinha celular. Nós tínhamos também convivência com lideranças políticas, com prefeituras e governadores, onde procurávamos movimentar suas campanhas”, lembra.

EMANCIPAÇÃO DE MUNICÍPIOS

Ele conta que os municípios, tanto do Noroeste do Rio Grande do Sul, quanto do Oeste de SC, reivindicavam uma comissão dos impostos recolhidos pela União para também poderem crescer. “Eu me recordo que, por meio de votações, esses municípios conseguiram as emancipações. Por exemplo, de Santo Ângelo, desmembrou-se Independência, Chiapetta, São José do Inhacorá, todos na década de 1970”, relata.

Em 1967, João Lamarque se mudou para Iraí (RS), casou-se e teve cinco filhos. Mais tarde, residiu em Frederico Westphalen e criou o Jornal A Voz do Povo, por meio do qual incentivou a movimentação em defesa do municipalismo, dedicando-se à emancipação de inúmeras cidades. Segundo Lamarque, isso se concretizou também na região de Santa Maria, em Júlio de Castilhos e Palmeira das Missões. “Nestas regiões emanciparam cerca de 30 municípios”, relembra.

O jornalista ainda explica que participou dos processos de desenvolvimento de cidades do Noroeste do Rio Grande do Sul. “Ajudamos no crescimento de Frederico Westphalen, por exemplo, no qual eu conheci o primeiro prefeito. Ela é uma das cidades de maior progresso no Noroeste do Rio Grande do Sul. Lá, há três faculdades e uma catedral de mais de 100 anos. Quando Frederico Westphalen tinha cerca de 20 anos, foi instalada a primeira Diocese, graças à liderança marcante do senhor Vitor Batistella, fundador de uma rádio, escritor e pesquisador, uma pessoa com grande nível intelectual”, conta Lamarque, com carinho pela região na qual criou seus filhos.

Nos anos 90, foi morar em Chapecó, desta vez trabalhando pelo desmembramento de quase 30 municípios do Oeste catarinense, como São Miguel do Oeste, Palmitos, Cunha Porã, Maravilha, Itapiranga e Mondaí. “Essas cidades possuíam comunidades distantes da sede e, com essas emancipações, facilitou-se a locomoção dos transportes, tudo isso ajudando a desenvolver esses municípios, com a produção agropecuária mecanizada e familiar”, relembra.

Em 2010, escreveu o livro “Galeria Cívica Rio-grandense”, que contém mais de 120 biografias de personalidades políticas, nascidas entre 1600 a 1950. A obra mostra sobre a presença gaúcha na política nacional e sobre fatos históricos, como a Revolução Farroupilha (1835-1845) e as gestões dos governadores Antônio Augusto Borges de Medeiros e Getúlio Vargas.

Atualmente, aos 82 anos, Lamarque mora em Caxias do Sul (RS) e escreve uma coluna semanal no Lê NOTÍCIAS, intitulada “Li, Vi e Ouvi”.


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