Na semana em que é celebrado o dia Mundial de conscientização do Transtorno do Espectro Autista (TEA), comemorado em 2 de abril, a Assembleia Legislativa promoveu, em Chapecó, o seminário “Tecendo Inclusão: As Múltiplas Facetas do Autismo e a necessidade do acolhimento familiar e educacional”.
O evento, realizado pela Comissão de Educação do Parlamento, reuniu nesta segunda (1º) e terça-feira (2), cerca de mil participantes, entre pessoas com TEA, pais, familiares e profissionais da educação.
De maneira dinâmica, a partir de palestras, depoimentos e vivência, o seminário promoveu o compartilhamento de informações e capacitação dos profissionais. A partir de diferentes olhares, foram abordados temas complexos, com o objetivo de eliminar barreiras para o desenvolvimento das pessoas com autismo.
A presidente da Comissão de Educação, deputada Luciane Carminatti (PT) ressaltou o compromisso do Poder Legislativo na promoção de iniciativas que contribuam para inclusão e acolhimento do autista. “A cada encontro potencializamos a conscientização e reflexão sobre o papel da sociedade, familiares e profissionais para oferecer melhor qualidade de vida para as pessoas com TEA.
APERFEIÇOAMENTO
Para psicopedagoga, Ariane Moreira, professora de Educação Especial em Chapecó, eventos como este, contribuem para o conhecimento, já que apontam novos estudos e atualizações referentes ao TEA. “As palestras são ministradas por profissionais com uma vasta experiência e vivência. Isso acrescenta muito para o nosso retorno à sala de aula. Voltamos com novos ideias e conhecimento”, avalia.
EXPERIÊNCIA MATERNAL E PROFISSIONAL
Uma participação especial no evento foi a da professora de artes, Karina Bonato, juntamente com o filho autista, Murilo Bonato, de 17 anos.
Com a frase “Vida de autista não se resume a diagnóstico, se temos família e somos verdadeiros com nosso aprendizado”, Karina falou sobre a importância do olhar atento para as pessoas com autismo. Segundo ela, cada autista tem um canal de comunicação que precisa ser observado.
Na experiência maternal, ela explica que o filho iniciou a fala somente após os 12 anos de idade, mas desenvolveu grande habilidade de comunicação por meio da escrita. "O Murilo tem três livros publicados e produz diariamente três textos reflexivos sobre a sua rotina, seus pensamentos e desejos. O sonho dele é ser autônomo e independente”, frisou.
ESPECIALISTAS COMPARTILHAM INFORMAÇÕES
Entre as palestrantes, Claudia Felisbino, mestre em Educação Especial abordou a importância da concepção social no processo de inclusão. Segundo ela, “a sociedade precisa entender que concepção é compreender que uma pessoa com qualquer deficiência precisa e merece estar em sala de aula e com a garantia de um aprendizado de qualidade”.
Cláudia mencionou que uma das principais barreiras ainda é o preconceito. “A capacitação precisa avançar nesse aspecto”, acrescentou.
Já a fonoaudióloga, Flávia Weschenfelder, detalhou a questão do autismo e aproxia na fala na infância. A profissional esclareceu dúvidas e pontuou que nem toda criança com autismo tem aproxia.
Ela explica que aproxia é a dificuldade de falar associada aos movimentos da boca para formar o som das palavras. “A criança sabe o que ela quer dizer, mas a boca não consegue conversar com o cérebro”, explica.
Segundo Flávia, dados estatísticos revelam que entre 25% e 30% das crianças com autismo têm apraxia. Por ser um índice considerado alto, ela orienta que é sempre importante estar atento à criança e ao início da fala.
A neuropsicóloga Bruna Odorcik, abordou o impacto do diagnóstico do autismo na família. Especialista em saúde coletiva, ela falou sobre a importância da assistência emocional para as pessoas que estão na rede de apoio das crianças com TEA.
“É fundamental o cuidado com os cuidadores, já que para cuidar de uma criança com autismo essa rede de apoio também precisa estar sendo cuidada para aprender a lidar com a nova rotina e prestar a assistência adequada a esta criança”.
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