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Chapecoense coleciona experiências através da ilustração e, na Itália, deixa traços na história

Por: LÊ NOTÍCIAS
07/11/2018 10:05 - Atualizado em 07/11/2018 10:20
Arquivo Pessoal Rogério Puhl pintou um mural no Centro Histórico de Perugia, na Itália Rogério Puhl pintou um mural no Centro Histórico de Perugia, na Itália

Por Vitória Schettini

A representação de seres ou objetos feita sobre uma superfície, por meios gráficos e com instrumentos apropriados é a definição de desenho, ofício do ilustrador chapecoense Rogério Puhl, de 38 anos. Rogério mora em Turim, em Piemonte, na Itália e em entrevista ao LÊ NOTÍCIAS, por ligação via Messenger, ele conta os motivos pelos quais deixou o Brasil há um ano e meio e sobre seus planos em relação à profissão.

Rogério nasceu em São Carlos (SC), em 1980, mas morou em Chapecó dos cinco aos 36 anos. Na cidade, ele teve a oportunidade de estudar na Escola de Artes durante vários anos, onde a professora Vick Lecuona foi sua grande inspiração. “Lá, tudo floresceu, eu me dediquei e nunca desisti. Com 14 anos, eu entrei na instituição, estudei sete anos de desenho, um de pintura e um ano de história da arte. Como resultado, eu pude mostrar minhas próprias produções em algumas exposições coletivas. Eu tinha um estilo bem diferente”, relembra Puhl.

Na infância, quando estava na escola, os professores costumavam dizer que ele tinha talento e o incentivaram a continuar desenhando. Inclusive, ele ganhou alguns livros e seus educadores o guiavam através dos traços e linhas dos desenhos. Atualmente, seu trabalho é muito digital, por conta das limitações do papel. “Eu gosto de desenhar no papel, mas me limita bastante. Já os programas de computador possibilitam muito mais combinações, formas e estilos. Eu ainda utilizo o papel, juntamente com o lápis, mas minha principal ferramenta de trabalho é o computador mesmo”, revela ao LÊ.

Segundo o ilustrador, que desenhou os Guias de Luz da ONG Salva de Xaxim, ele conseguiu sua primeira oportunidade de emprego como desenhista, fazendo charges para jornal. “Eu nunca parei de desenhar e fui muito reconhecido pelo meu trabalho. Comecei a trabalhar com publicidade aos 19 anos, depois atuei como Diretor de Arte em agências pequenas de Chapecó e também trabalhei na T12”, relata.

Mais tarde, ele criou seu próprio estúdio, o Estúdio Puhl, juntamente com outros sócios, no qual permaneceu por aproximadamente quatro anos. Em 2016, ao ver os problemas políticos que o Brasil passava, momento em que a ex-presidente Dilma Rousseff sofreu o impeachment, Rogério viu que estava na hora de partir. Ele relembra que seu interesse em ir para a Itália era pela beleza dos designs daquele país, os quais são conhecidos no mundo inteiro, e também pela cultura e história.


Ilustração “A Hora e Vez do Cabelo Nascer”, inspirado na música dos Mutantes


RECONHECIMENTO

O trabalho de Rogério foi reconhecido e elogiado várias vezes. Em uma delas, sobre duas pinturas que fez em São Paulo, em 2015. Em outro momento, ele realizou um projeto em homenagem a David Bowie, sobre o rock, em que foi finalista. “Mais recentemente, eu fiz parte de uma exposição sobre imigração que aconteceu aqui na Itália. Ela foi exposta em Roma, foi uma experiência bem interessante. Também ganhei um concurso da Brastemp. Eu também ganhei o Cut and Paste e como prêmio, recebi uma viagem a Nova York. O concurso é uma competição entre designers, num espaço com centenas de pessoas assistindo ao vivo e o melhor entre os oito competidores é o vencedor”, destaca Rogério.

DIFICULDADES

A primeira ideia era morar em Barcelona, mas ele mudou de ideia e foi para a Itália. Chegando lá, há um ano e meio, ele sentiu as adversidades, sobretudo em relação ao idioma. Segundo ele, na Itália as pessoas são tranquilas para se conviver e é possível ter uma boa qualidade de vida. “Eu cheguei em Turim, andei com um portfólio embaixo do braço e bati de porta em porta em agência para procurar um emprego. Mesmo não sabendo falar uma palavra em italiano, eles me contrataram. Hoje, eu sei falar muito bem o idioma e, além disso, eu faço alguns trabalhos para o Brasil de forma remota”, pontua Puhl.

Ainda, ele salienta que a experiência de morar fora do Brasil tem sido incrível. “Eu tenho aproveitado bastante, poder conhecer um país tão rico em história e cultura como a Itália é muito bom. O meu italiano melhorou muito e consigo me comunicar bem. Você também se acostuma com os italianos, que têm a cultura diferente da nossa e devemos respeitar isso”, destaca.

Quanto aos planos, ele conta que, por enquanto, não planeja deixar o país. “Não pretendo voltar ao Brasil tão cedo, principalmente pelas questões políticas que estão acontecendo. Não pretendo voltar porque aqui eu tenho minha tranquilidade. Estou aproveitando muito a Itália, mas quem sabe um dia eu regresse ao Brasil”, finaliza o ilustrador.


Ilustração foi vencedora do Concurso Camiseteria




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